ESTEIROS, de Soeiro Pereira Gomes
A realidade dos seus dias que os sujeitavam à dureza do trabalho sempre que o conseguiam arranjar, Gineto, Gaitinhas, Malesso, Maquineta e muitos outros, são os operários-meninos dos telhais à beira dos esteiros do Tejo que, vadiando ou roubando para comer, durante o resto do tempo continuam a sonhar.
CLEPSIDRA, de Camilo Pessanha
Os poemas de Camilo Pessanha não tratam de amor, esperança, desilusão, dor ou desejo… Nele todos estes grandes sentimentos românticos ficam descontinuados, levando-o à desistência de um a um pois a sua consumação conduzi-lo-ia ao caminho do tédio. Os seus poemas contam-nos a desagregação agoniante do que os dias nos trazem e depois levam, numa angústia sem cor e sem cheiro, suportando na alma a dor de existir.
PEDRO O CRU, de António Patrício
(…) Cheiras a podre… Saboreio o teu cheiro como um corvo… Melhor do que o das rosas que me deste (…) Estou certo que os vermes mesmo se arrastam no teu corpo com doçura (…), diz Pedro a Inês, a quem desenterrou com as suas próprias mãos e conserva morta nos seus braços: Pedro é o retrato da saudade, uma contradição viva de desespero e alegria louca do que amou e perdeu.
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