Lamentamos informar os nossos leitores/seguidores que o nosso querido amigo e autor do livro «Contos que ainda não contei» faleceu no passado sábado, dia 25 de Março de 2017. Paz à sua alma.
Alberto Caeiro quando escreveu este poema, tenho a certeza de que estava a pensar no nosso José Salomão:
Se Depois de Eu Morrer, Quiserem Escrever a Minha Biografia
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.
Alberto Caeiro, in «Poemas Inconjuntos»
Heterónimo de Fernando Pessoa