Início Ensaio A modernização da medicina portuense nos séculos XIX e XX – Da sangria aos transplantes
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A modernização da medicina portuense nos séculos XIX e XX – Da sangria aos transplantes

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Descrição

Sinopse

A arte curativa é de todos os tempos, e sempre pretendeu aliviar o homem dos seus padecimentos. Melhorou, porém, substancialmente, quando adquiriu bases científicas sólidas no conhecimento anatomo-fisiológico do organismo humano e no domínio dos meios terapêuticos, farmacológicos e cirúrgicos.

Tal aconteceu em toda a parte e, com maior ou menor atraso, também em Portugal apenas nos séculos XIX e XX. A isto chamaremos a modernização da medicina. Entre nós, e mais especificamente na cidade do Porto, o fenómeno operou‑se em três fases: a pré‑moderna (entre 1825 e o final do século XIX), a moderna (viragem para o século XX até 1950) e a pós‑moderna (após 1950), com novas especialidades.

Prefácio

Em tempos de crise — se é que o natural correr dos tempos não é ele próprio um continuum de «crises» — mas, sobretudo, num tempo em que mudanças fundamentais, paradigmáticas, se afiguram necessárias ou mesmo imperiosas, é bom olharmos para o passado. Particularmente para nós, médicos, é importante percebermos de onde viemos, o que era a «arte curativa» não há muitos anos em Portugal, o processo que nos conduziu ao ponto em que nos encontramos hoje, para melhor percebermos o que há a fazer para nos mantermos num rumo sustentado de progresso e de melhoria da qualidade neste mistério que afinal não muda: «aliviar o homem dos seus padecimentos».

Nesta perspectiva, este livro do Professor Doutor António Coimbra é uma obra notável. Mas antes de irmos à obra, e sem minimamente abordar o seu vasto e magnífico curriculum vitae, deixem‑me falar do autor. É certo que tal poderá parecer redundante ou desnecessário, porque a grande maioria dos leitores, especialmente os médicos, conhecem a figura ilustre e de excelência que marcou de forma indelével a medicina e em particular a investigação científica em Portugal e por esse mundo fora. Mas, mesmo assim, julgo oportuno deixar aqui registada a grande admiração que tenho pelo homem, pelo médico, pelo investigador, pelo professor, que também foi meu distinto mestre.

Professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), antigo director do Instituto de Histologia e Embriologia, licenciou‑se em 1953 e doutorou‑se em 1962, o ano em que eu nasci.

Iniciou a sua actividade no Hospital de Santo António, onde chegou a colaborar durante cerca de seis anos com Corino de Andrade, até obter um lugar de assistente de Histologia e Embriologia na FMUP. Inicia, então, a sua notável carreira universitária. Foi meu professor e guardo dele, desde então, a mesma imagem: um homem inteligente, sereno, profundamente culto, de uma seriedade intelectual admirável, um verdadeiro professor, um notável mestre, de quem os seus discípulos colhiam os ensinamentos mas também o seu exemplo de vida, a sua rectidão, a sua entrega à nobre missão de formar novos médicos e novos investigadores. Na FMUP muitos dos excelentes investigadores da actualidade passaram pelas suas mãos.

Foi, pois, com imenso prazer — indisfarçável orgulho, diria mesmo — que aceitei o convite para escrever estas palavras no Prefácio à sua obra.

Quase na totalidade, são escritos que bem conheço de sucessivos artigos publicados na nossa «Nortemédico» entre 2008 e 2010. E desde que essa publicação se iniciou, sempre tive a ideia de que a compilação em livro era absolutamente indispensável. Para que este notável trabalho da nossa história médica registado numa escrita irrepreensível fique compilado numa forma de mais fácil arquivo e consulta. à disposição das actuais gerações e das vindouras.

Em A modernização da medicina portuense nos séculos xix e xx, o Professor Coimbra deixa‑nos um relato eminentemente descritivo, factual, que deixa transparecer o carácter rigoroso e sério que associamos ao seu autor. Como médico e responsável pela instituição que congrega os médicos do Norte (Ordem dos Médicos), agradecemos‑lhe por isso.

Mas a obra do Professor António Coimbra é, também, uma homenagem a médicos notáveis, trabalhadores incansáveis, estudiosos, investigadores, homens ilustres devotados ao trabalho assistencial aos doentes que, no Porto (e na região Norte), trouxeram a medicina da «era das sangrias e dos barbeiros » (fixada pelo autor no antes de 1825, data da fundação da Real Escola de Cirurgia), até à medicina «moderna» (a medicina de meados do século xx, já com todas as suas especialidades medico‑cirurgicas clássicas e a utilização dos avançados meios complementares de diagnóstico e terapêutica), e à actual medicina (a medicina «pos‑moderna», na classificação do autor).

A medicina que, apesar de todas as vicissitudes, de todas as dificuldades, tanto nos orgulha e pôde elevar os cuidados de saúde em Portugal, e concretamente o nosso Serviço Nacional de Saúde, a níveis de qualidade, de eficácia e de eficiência que bem comparam com os dos países mais desenvolvidos.

Foram aqueles pioneiros que nos trouxeram até aqui. Este livro é uma merecida homenagem a todos eles também.

Bem-haja, Professor Coimbra. Pelo seu exemplo como homem, como médico, como investigador, como professor de médicos e de investigadores.

E por esta sua obra. Ela é uma bela homenagem aos seus pares, aos nossos pares; aos distintos colegas que, ao longo dos tempos, com mais ou menos «crises», com mais ou menos dificuldades, pelo seu trabalho, pela sua persistência, pela sua dedicação, ajudaram a construir a medicina que hoje conhecemos. A medicina que nos orgulha e nos permite cada vez mais e melhor prosseguir na tarefa de «aliviar o Homem dos seus padecimentos».

Que todos saibamos honrar os valorosos exemplos do passado, a começar pelo seu, meu estimado e ilustre Professor Doutor António Coimbra.

Miguel Guimarães, Presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos

Autor(es)